O ato de comunicar parece ser um ato básico. No entanto, representa uma condição que pode e deve ser aperfeiçoada ao longo da vida mas que nem sempre é conseguida. Para que uma boa comunicação se dê é necessário ter presente algumas premissas chaves essenciais na arte de transformar em palavras aquilo que se pensa.
No contexto da saúde, é fundamental que os profissionais tenham a possibilidade de adquirir e aperfeiçoar competências a esse nível. A aquisição de competências comunicacionais permite com que se seja capaz de expressar, de forma clara, as ideias e opiniões e, por outro, encoraja os nossos doentes a darem a conhecer as suas próprias necessidades.
Porém, para além da arte em conseguir transformar por palavras o que estamos a pensar, existe também arte no saber ouvir. Muitas vezes, é através da linguagem não-verbal que percebemos que o outro está ou não disponível para receber a nossa mensagem. Conseguimos, por exemplo, perceber isso através do olhar ou da forma como a pessoa se movimenta. É aí que ocorre a chamada linguagem subliminar, ou seja, aquela na qual além da mensagem das palavras propriamente ditas, passa-se, também, mais alguma coisa, seja através do tom da fala, de algum gesto etc.
Saber comunicar implica, necessariamente, saber ouvir. Como costumo dizer, agora na condição de terapeuta familiar, o segredo das relações encontra-se aliado a essa competência. Associado à falta ou falha na comunicação estão os mal-entendidos. A maioria acontece, exatamente, pelo facto das pessoas adotarem formas de ineficazes de comunicar. A consequência dessa ineficácia faz com que as pessoas se afastem, desinvestiam e deixar de acreditar.
Por fim, resta-me acrescentar que, até para o simples de comunicar e saber ouvir, é preciso ter disponibilidade. Muitas são as vezes em que a comunicação não se dá, simplesmente porque não há uma disponibilidade genuína para resolver o problema ou esclarecer determinada situação.
Comunicar implicar marcar posição, implica expor uma opinião e lutar pelos direitos através, também, da arte em saber ouvir o outro e, acima de tudo, em aprender a ouvir-se a si próprio.